Displicência

O que te faz andar? Existe algo que realmente faça com que seus pés busquem novas estradas, existe mesmo um lugar onde você deva andar, correr, buscar, partir , viver ou mesmo um lugar que não seja seu para que possa se prender, ou um lugar só seu que você possa abandonar?

Eu poderia fazer tantas coisas, querer tantas coisas,  sonhar tantos meios de querer meu passado moldado às margens de delírios que nunca vivi, de sonhos que não são meus, de conquistas que não tive em lugares que nunca ousei conceber, pelas graças dos deuses que nunca enfrentei, dos demônios que não quis invocar aos amigos que nunca esqueci.

Aos ponteiros de moderna antiguidade, que cansei de tanto ignorar, vejo as marcas que dos que se fazem presentes, dos que fizeram parte, e dos que se foram sem dizer para onde, fica esse sonho desperto de demorada displicência e falsos apegos à coisas que não me contemplam nem completam.

O copo se esvai enquanto minha mente definha entre emaranhados de pensamentos e espinhos retorcidos que não cultivei, das vozes, sons opacos e gestos mudos no caminho que me separa da porta não tão distante. Sinto o frio que me espera, confortável e solene. Meu ultimo recado? Apague a luz ao sair e ande, corra, mas acima de tudo, não fique parado.

(23/10/2010 – 02h19min)

1 comentário

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Uma resposta para “Displicência

  1. “só a mudança é permanente”, você só enxerga o que lhe é próximo, o que cria uma falsa sensação de que as coisas passaram a funcionar quando você mudou, o que nem sempre é verdade, as vezes só se enxerga o que sempre estava ali, em frente ao seu nariz.
    Conciliar teoria e prática é dificil, principalmente quando você pensa uma coisa e faz outra, não é moldar ou forçar uma a ser igual a outra, e sim fazer com que ambas sejam harmonicas

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