APATIA,
Era tudo o que sentia naquele momento, enquanto aquecia a madeira velha sob a qual me prostrava, e os minutos se arrastavam modorrentos pelo relógio de parede, acima dos cabelos grisalhos do professor. Eram sempre as mesmas aulas, sobre os mesmos assuntos, e alguns mais alienados, ou mesmo desatentos, copiavam cada linha dos garranchos no quadro de forma lacônica e mecânica. Ainda me perguntava como ainda entendiam aqueles hieróglifos, como ainda permitiam que alguém daquela idade pudesse lecionar. Não que fosse um mau professor, ele sabia muito bem cada palavra que dizia a despeito de sua idade avançada, afinal fez parte daquele inferno mais do que qualquer um naquela sala, mas já não ouvia mais o que ele dizia.
(13/12/2010)